sábado, 12 de junho de 2010

Todos Os Homens São Maricas Quando Estão Com Gripe


Pachos na testa Terço na mão Uma botija Chá de limão Zaragotoas
Vinho com mel 3 aspirinas Creme na pele Dói-me a garganta Chamo a mulher Ai Lurdes, Lurdes Que vou morrer Mede-me a febre Olha-me a goela Cala os miúdos Fecha a janela Não quero canja Nem a salada Ai Lurdes, Lurdes Não vales nada Se tu sonhasses Como me sinto Já vejo a morte Nunca te minto Já vejo o inferno Chamas diabos Anjos estranhos Cornos e rabos Vejo os demónios Nas suas danças Tigres sem litras Bodes de tranças Choros de coruja Risos de grilo Ai Lurdes, Lurdes Que foi aquilo Não é chuva No
meu postigo Ai Lurdes, Lurdes
Fica comigo Não é o vento A cirandar Nem são as vozes Que
vêm do mar Não é o pingo De uma torneira Põe-me a santinha Á cabeceira Compõe-me a colcha Fala ao prior Pousa o Jesus No cobertor Chama o doutor Passa a chamada
Ai Lurdes, Lurdes Nem dás por nada Faz-me tisanas E pão de ló
Não te levantes Que fico só Aqui sozinho A apodrecer Ai Lurdes, Lurdes Que vou morrer

Letra de António Lobo Antunes

Eu Que Me Comovo Por Tudo E Por Nada - Vitorino (1992)

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