quinta-feira, 15 de julho de 2010

Novos sinais rodoviários
















OS NOVOS símbolos rodoviários «indicativos» e de «apoio ao utente» estão a ser objecto de críticas por parte do Centro Português de Design (CPD), que acusa a Junta Autónoma de Estradas (JAE) e a Direcção-Geral de Viação (DGV) de «decalque dos símbolos das modalidades dos Jogos Olímpicos de Munique». Num artigo publicado no mais recente boletim do CPD, escreve-se que a linguagem gráfica utilizada nos sinais hesita ainda entre a «estilização 'naif'» e o «recurso a perspectivas cubistas de leitura complicada, principalmente a 90km/h».
Pedro Brandão, administrador-delegado do CPD, é taxativo: «Vê-se que não foram feitos por profissionais. São ineficazes e, alguns, até um pouco abusivos, pois são adaptações de símbolos olímpicos». Segundo aquele arquitecto, «não se trata apenas do aspecto estético. A sinalética do 'monumento nacional', por exemplo, desdobrou-se numa série de novos símbolos que são complicados para quem vai conduzir».

Maus e confusos

O CPD considera «sábia» a recondução de alguns modelos já antigos, mas questiona se a sua eficácia não se terá perdido «pela profusão entretanto criada ao longo dos anos». É o caso do tradicional símbolo de «monumento/castelo», a coexistir com «museu», «ruínas», «solar», «aldeia histórica» (parecido com o primeiro) e «aldeia preservada» (completamente diferente). Quanto aos sinais de perigo, proibição e obrigação, «respeitaram-se, no essencial, os modelos internacionais em vigor».

Recorde-se que o processo de substituição de quatro milhões de sinais de trânsito das estradas portuguesas começou em Março, no âmbito do Decreto Regulamentar 22A/98. De acordo com a JAE, «foram seguidos, na generalidade, os grafismos internacionais ou de países mais próximos de Portugal (Espanha e França)».

Ainda segundo a JAE, o referido trabalho contou, «nalguns dos seus aspectos, com a colaboração do Departamento de Ergonomia da Faculdade de Motricidade Humana» e tem sido «objecto de comunicações em fóruns de segurança rodoviária». Os símbolos de modalidade desportiva «são, na sua grande maioria, oriundos da Portaria 46-A/94, a qual não mereceu qualquer crítica atempada do CPD». Quanto ao símbolo de «Aldeia Histórica» - diz a JAE -, «foi elaborado por especialista da Direcção-Geral de Turismo. A JAE limitou-se a propor a sua adopção no regulamento». Em resposta às críticas do CPD, o director-geral de Viação, Amadeu Pires, afirma: «Os sinais de trânsito regem-se por regras internacionais, havendo uma margem muito reduzida para proceder a alterações».

Para Isabel Brites, coordenadora do grupo de trabalho que elaborou os símbolos, «é uma questão de gosto». À falta de normas internacionais, «vamos adoptando práticas de outros países», disse esta subdirectora da DGV, para quem «não se justifica uma revisão total destes pictogramas». Contudo, «se o CPD apresentar sugestões francamente melhores para sinais ainda pouco utilizados, levá-las-emos em consideração».

Maria Luiza Rolim, Expresso, 30/04/1999

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