Dicionário Lisboa / Porto
Nas duas cidades corre a mesma moeda, mas se não é preciso ir ao multibanco trocar dinheiro para "viajar" até Lisboa, ou para fazer compras no Porto, já talvez seja melhor levar este dicionário para se conseguir entender, respectivamente com os Lisboetas/Alfacinhas/Mouros ou os Portuenses/Tripeiros. É que não é só a pronúncia que é diferente.
Exageramos? Então faça o seguinte. Imagine que é de Lisboa e na Invicta alguém lhe pergunta "Ó Morcão, olha a carcela?", o que é que faz? E caso lhe perguntem se lá quer ir brunir para casa, ainda é capaz de achar que lhe estão a fazer uma proposta desonesta. E que tal se lhe chamarem milongas porque não trouxe a loura que lhe tinham pedido?
Está-se a rir? E se um nortenho for a Lisboa e por lá o mandarem por o cadeado na porta, podar as hortênsias e no fim lhe oferecerem, de recompensa, uma carcaça! Embora a predominância do lisboeta na televisão e na rádio torne talvez o jogo mais fácil aos do Norte, a verdade é que também não se podem dar ao luxo de viajar sem dicionário. Por isso aqui fica uma pequena amostra. As palavras da Direita são à moda de Lisboa, as da esquerda as que lhe correspondem à moda do Porto.
Notícias Magazine (Dossier Lisboa-Porto)
Achei graça ao Dicionário, e revivi o meu período "tripeiro", mas como se trata de uma área que sempre me interessou de maneira particular, sou mais crítico em relação àquilo que considero deslizes, e espanto-me um pouco com dois erros algo excessivos: não é possível ignorar que o equivalente da "dobrada" lisboeta sejam as "tripas" (alcunhadas em Lisboa como dobrada à moda do Porto, a feijoada é outra coisa), e por outro lado "Meio Dia" não é nem nunca foi "A meia" no Porto. Há aqui uma confusão: no Porto "à meia hora" é o equivalente de "ao meio dia e meia hora" ou "à meia noite e meia hora", como se diz em quase todo o País. E aponto outras incorrecções, embora menores: em Lisboa, quase ninguém diz "guarda-chuva", diz-se "chapéu-de-chuva"; no Porto, ninguém diz "chapéu-de-chuva", todos dizem "guarda-chuva", às vezes "chusso", em jeito de calão.
Palerma, além do "morcão" mais forte, tem também outro mais comum e engraçado — o "lorpa". Quanto à oposição "saloio/ parolo" é ao contrário do que vem no vosso vocabulário: "saloio" provém só da região de Lisboa. Se, agora, alguns usam "parolo" é por influência nortenha; "parolo" é totalmente de origem nortenha e portuense, se alguns hoje dizem "saloio" é por influência da televisão. O equivalente lisboeta de "catraia" é "gaiata", "garina" é um calão muito recente que me parece comum a todo o País. O "prego" sempre se disse em Lisboa também, quando é no prato então também se diz "bitoque". E a curiosa mudança de género apontada no "tasco" é também visível no "barraco" e no "prateleiro". E "capoeira" diz-se "galinheiro".
Resposta do leitor Eugénio Mota, Lisboa
Nas duas cidades corre a mesma moeda, mas se não é preciso ir ao multibanco trocar dinheiro para "viajar" até Lisboa, ou para fazer compras no Porto, já talvez seja melhor levar este dicionário para se conseguir entender, respectivamente com os Lisboetas/Alfacinhas/Mouros ou os Portuenses/Tripeiros. É que não é só a pronúncia que é diferente.
Exageramos? Então faça o seguinte. Imagine que é de Lisboa e na Invicta alguém lhe pergunta "Ó Morcão, olha a carcela?", o que é que faz? E caso lhe perguntem se lá quer ir brunir para casa, ainda é capaz de achar que lhe estão a fazer uma proposta desonesta. E que tal se lhe chamarem milongas porque não trouxe a loura que lhe tinham pedido?
Está-se a rir? E se um nortenho for a Lisboa e por lá o mandarem por o cadeado na porta, podar as hortênsias e no fim lhe oferecerem, de recompensa, uma carcaça! Embora a predominância do lisboeta na televisão e na rádio torne talvez o jogo mais fácil aos do Norte, a verdade é que também não se podem dar ao luxo de viajar sem dicionário. Por isso aqui fica uma pequena amostra. As palavras da Direita são à moda de Lisboa, as da esquerda as que lhe correspondem à moda do Porto.
Notícias Magazine (Dossier Lisboa-Porto)
Achei graça ao Dicionário, e revivi o meu período "tripeiro", mas como se trata de uma área que sempre me interessou de maneira particular, sou mais crítico em relação àquilo que considero deslizes, e espanto-me um pouco com dois erros algo excessivos: não é possível ignorar que o equivalente da "dobrada" lisboeta sejam as "tripas" (alcunhadas em Lisboa como dobrada à moda do Porto, a feijoada é outra coisa), e por outro lado "Meio Dia" não é nem nunca foi "A meia" no Porto. Há aqui uma confusão: no Porto "à meia hora" é o equivalente de "ao meio dia e meia hora" ou "à meia noite e meia hora", como se diz em quase todo o País. E aponto outras incorrecções, embora menores: em Lisboa, quase ninguém diz "guarda-chuva", diz-se "chapéu-de-chuva"; no Porto, ninguém diz "chapéu-de-chuva", todos dizem "guarda-chuva", às vezes "chusso", em jeito de calão.
Palerma, além do "morcão" mais forte, tem também outro mais comum e engraçado — o "lorpa". Quanto à oposição "saloio/ parolo" é ao contrário do que vem no vosso vocabulário: "saloio" provém só da região de Lisboa. Se, agora, alguns usam "parolo" é por influência nortenha; "parolo" é totalmente de origem nortenha e portuense, se alguns hoje dizem "saloio" é por influência da televisão. O equivalente lisboeta de "catraia" é "gaiata", "garina" é um calão muito recente que me parece comum a todo o País. O "prego" sempre se disse em Lisboa também, quando é no prato então também se diz "bitoque". E a curiosa mudança de género apontada no "tasco" é também visível no "barraco" e no "prateleiro". E "capoeira" diz-se "galinheiro".
Resposta do leitor Eugénio Mota, Lisboa
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