Esta é a verdadeira história
de Rebalbino Pires.
Honestíssimo vadio´,
Ancorado nas Portas de Santo Antão
Mas batendo a outras portos
e respeitador de todos os santos,
Navegando de mulher para mulher
- As filhas mais do que as mães-
E crucificado pela justiça e pela opinião
pública
[Como já tinha acontecido ao próprio Nosso Senhor]
Foi Rebalbino atleta
E ganhou a maratona
Com duas horas de avanço
...Tendo cortado a meta
Repimpado na ramona
E acusado de gamanço
Mentira, tudo mentira!
Se gamou os sapatos aos outros atletas.
foi para salvar o turismo de pé
descalço! [pá]
...tudo o mais é «boca», é bera,
é falso!
...Nunca apareceu às faces da terra.
--- Nem à face A nem à Face B ---
Gajo tão sério e pacholas
Amigo dos putos e delas
Ele era o chefe de fila
Pra muito puto reguila
Mestre melhor não havia
...Montou escola de sobrinhos
Ensinou-lhes os caminhos
Que vão às casas das tias
[Mentira, outra mentira.
O quê, Rebalbino Pires cavalheiro impec e aprumado desmoralizou a moral aos costumes a que se tinha acostumado.]
Quando andou no contrabando
Tinha um bando contratado
Contra Fé e contra guarda
Contra cima e contrabaixo
Contra-regra e contra mão
...Até que vem uma farda
Que o enfarda na prisão!
[Mentira, bruta injustiça.
Tudo contrabando. Nada a favor de bando. Sempre foi um sereno de um cidadão, cumpridor de leis e de mandamentos que mandassem inclusive de portarias municipais e de outras portarias que tais. Impostos em dia, facultativos, à noite, eh...! ah...!
Mas]
Numa noite de porrada
Na tasca do Vai-de-Lado
É que perdeu a cabeça
... Ao mandar a cabeçada
Num artolas encartado
Que foi parar à travessa
[Levou só quatro pontos porque era a Travessa do Cosido.
Mas é tudo mentira, pura invenção.
Vejam só o certificado do seu registo criminal, passado por ele sem ajudas de ninguém. Impecável! Bestiali!
Lá vem: o seu único crime foi falsificar o registo criminali.
Mas olha aí.]
Mais que permite a força humana
Tinha oitenta e uma amantes
...Umas vinte por semana
Sem vozes reclamantes!Tinha oitenta e uma amantes
Uma delas ciumenta.
Que veio a saber das oitenta
Soprou o pêlo da venta
Sacou a faca da liga
... e ele deu aos calcantes
Nunca foi homem de briga!
[Mentira, outra mentira. Rebalbino Pires, honrado português de lei, não anda à mão desarmante, nunca fugiu à polícia, nem sequer foge da chuva. Nem para lavar a reputação, que exige reparação.
Depois de tanta patranha.
Tanta mentira malvada.
Agora é que são elas.
E aqui está esta campanha devidamente orquestrada.
É assim mesmo!
E agora rapazes, para a frente.
Para a frente, o quê?
Para a frente com o resto, pá, em honra do gajo, pá.
OOOOOH IN MY NIGHT IN SOLIDÃO.
WELCOME TO MY NIGHT IN SOLIDÃO.
Rebalbino, senhores ouvintes, estivemos a ouvir a história de Rebalbino Pires, um exclusivo das frutas WELCOME.]
Letra de Mário Zambujal
Se Cá Nevasse - Salada de Frutas (1981)
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Novo Dicionário de Calão - Afonso Praça (2001)
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